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 Sonhos ( BonVent e Maggio )

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BonVent
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BonVent


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MensagemAssunto: Sonhos ( BonVent e Maggio )   Sonhos ( BonVent e Maggio ) EmptyTer Mar 23, 2010 3:01 am

SONHOS


BonVent observa o humano de pele avermelhada sentado no chão de sua atual moradia temporária, uma espécie de galpão usado para guardar suprimentos, ora vazio. Mesmo nesses tempos críticos, Porto dos Sonhos é uma cidade que mantém sua beleza e os girassóis na entrada do galpão foi algo que o encantou. O humano é um amigo de muito tempo, um jovem mago, que lhe foi apresentado por seu irmão, o arqueiro DuVent, na mesma ocasião em que conheceu Rennaa, uma doce e sensual selvagem. O mago, o arqueiro e a feiticeira formavam, na época, uma tríade ligada por laços de fortes sentimentos e BonVent sabe que, de certa forma, esses laços se mantém ainda hoje.



É difícil para Maggio se despir de sua costumeira 'capa' de superficialidade, mesmo para o sacerdote 'gente boa' e confiável que é BonVent. Aprendera a usá-la como uma forma de defesa, tentando não ser tão diferente dos outros. Talvez por conviver mais entre os criados de sua casa do que com seus pais, sempre envolvidos com compromissos sociais, passou a perceber seus problemas cotidianos. Quando abandonou o manto protetor dos D'Artian e passou a viver como um cidadão comum não pode deixar de se chocar com o que via pelas ruas da Cidade das Espadas e outros locais pelos quais passara até ingressar na vida militar. Coisas que sua família superprotetora se esforçara para que não tivesse contato. Como falar de suas dúvidas, buscas, dores e anseios para companheiros de caserna que não tem noção das tragédias trazidas pela guerra, que não enxergam os mutilados mendigando pelas ruas das cidades e vilas, não querem sentir do luto das famílias, não querem saber da existência dos órfãos de guerra? Pensam em batalhas, matar os adversários, terem mais poderes e glórias, virarem heróis. Não lembram que a maior parte dos 'heróis' são mortos. Maggio não teme a morte. Sendo humano sabe que seu tempo de vida é mínimo comparado a de elfos como o que está diante de si. Então por que temer algo inevitável e iminente? Seu temor é não fazer o que nasceu para fazer. Mas não sabe o quê.



BonVent escuta atentamente o que o mago, agora de pé e caminhando de um lado para o outro pelo cômodo, titubeantemente, lhe fala. Na verdade são perguntas as quais BonVent não tem respostas. ' Por que os deuses permitiram essa guerra?', ' Por que eles, que são tão poderosos, permitem que ela continue?', 'Por que os deuses, se é que existem, não terminam com essa m****?'. E mais: 'O que eu tenho haver com tudo isso?' 'Qual o meu papel nessa história toda?', 'O que eu tenho que fazer nessa p**** de vida?', ' Eu nasci com essa p**** de magia para o quê?'. São perguntas extraídas no meio de uma conversa de mais de duas horas, nas quais BonVent mais ouviu do que falou. Mas o sacerdote sabe que o mago não quer ouvir uma possível resposta a suas dúvidas. Ele quer apenas poder expressá-las.



'Desculpa ter enchido seu saco, BonVent. Tenha uma boa tarde', despede-se Maggio, descendo a rampa que dá acesso àquele galpão. Sente o espírito mais leve. A tarde está com uma luminosidade magnífica e a brisa marítima a torna agradável e convidativa a um passeio.'Hahaha, o que é isso? Apareça quando quizer'. E hesitante 'Tem notícias de Rennaa?'. 'A maluca está pensando em desertar', falou Maggio interrompendo sua descida. Seu semblante muda. BonVent não sabe se é admiração ou tristeza. 'Quer ser independente para ajudar os outros sem ter que prestar contas a ninguém. Disse prá ela que isso é loucura mas você deve saber que ela não ouve meus conselhos. Ela me disse que DuVent pensa o mesmo que eu. Fale com ela, BonVent. Ela sempre te respeitou mais do que a mim e a seu irmão. Talvez ela te escute'. Virou-se, respirou fundo saboreando a maresia, colocou um 'meio-sorriso-idiota' no rosto e ganhou a rua principal de Porto dos Sonhos.



Da soleira da porta do galpão BonVent dirigiu-se aos girassóis. Admiráva-lhes a resistência mas sabia que poderiam ser destruídos a qualquer momento por ataques inimigos que por ventura acontecesse a Porto dos Sonhos. Por que nunca sentiu as dúvidas do amigo mago? Por que nunca hesitou em cumprir o que a vida lhe pedia? Abandonou tudo para cumprir o pedido feito por seu pai muribundo, dedicando-se a cuidar dos irmãos e mais tarde do sobrinho sem nunca pensar que poderia ter feito outra coisa.. Não se arrependia de nada, fizera o que deveria ter feito sacrificando seu 'indivíduo' em prol de seu núcleo familiar. Estava feliz por cumprir os desígnios divinos. Não tinha respostas a dar ao amigo talvez porque nunca tivera essas questões. E mesmo agora, depois de ouvi-lo, sabe que são dúvidas do mago e não dele. Em sua mente um flash, uma lembrança, de uma noite de lua cheia numa cabana humilde nos arredores da Vila do Bambu, lar dos Vent.



DuVent, seu irmão, chegara, pela manhã, junto com dois amigos para visitá-lo e agora estavam reunidos aos redor de uma fogueira onde um caldeirão mantinha aquecida uma sopa de raízes preparada por BonVent. O humano de pele vermelha tocava um instrumento de corda e, ora bebia vinho ora bebia hidromel. DuVent o acompanhava na beberragem. A selvagem bebia chá de ervas aromáticas preparado por ela. BonVent a acompanhava no chá. Os três amigos cantavam e dançavam músicas folclóricas das três raças e também composições próprias. BonVent riu, incrédulo, ao ao ouvir isso. Já era estranho ver seu irmão 'caipira' tendo amigos, mesmo numa aparente simplicidade, tão sofisticados e agora mais essa 'novidade'. 'Na verdade, mano, só fiz um versinho. Vamos ver se você adivinha qual'.E começaram a cantar uma canção onde dividiam os vocais e cantavam juntos, em uníssono, o refrão. O humano, com bela voz de barítono, cantou o primeiro verso trazendo certa melancolia. Seguiu-se a parte solada pela selvagem. BonVent ouviu então a suave voz cantar 'eu queria ser a festa, o riso e a afeição'. E para BonVent ela era, nesse momento, tudo que ela dizia que gostaria de ser. Veio o refrão e em seguida DuVent, com voz meio alcoolizada, cantou 'eu queria bater asas prá longe, não voltar'.BonVent mal conteve o riso. Não havia o que adivinhar. O verso seguinte também foi cantado pelo humano. Era claro e evidente que havia uma forte cumplicidade entre os três.



A noite não demoraria a cair em Porto dos Sonhos. Um compromisso com a mestra sacerdotiza local o aguardava. BonVent fechou a porta do galpão e seguiu para seu compromisso. Seus planos para a manhã seguinte incluía agora ir ao encontro de Rennaa.

FIM





( Nota ): Os versos citados como uma composição do trio de amigos são retirados da canção 'Um Sol na Noite', de Eustáquio Senna. Tomei a liberdade de 'violentar' a letra original alterando duas palavras em dois versos. Quando Rennaa canta '...eu queria ser a festa, o riso e a afeição', no original é 'eu queria ser a festa, o riso e a canção'. No refrão cantado pelo trio a palavra 'festival' substitui a, originalmente, 'carnaval'. Segue a letra 'cantada' pelo trio.



Eu queria não se nada, mais nada do que sou
Eu queria ser a festa, o riso e a afeição ( canção )

Festa, brincadeira, festival ( carnaval )
Festa de criança, dança e cor
Quero ser um sol claro a brilhar na noite escura
Quero ser o rio indo ao mar,
Quero ser o riso de amar
Quero ser a cor clara do amanhecer

Eu queria bater asas prá longe, não voltar
Eu queria não ter corpo nem nada prá levar

Festa, brincadeira, festival ( carnaval )
Festa de criança, dança e cor
Quero ser um sol claro a brilhar na noite escura
Quero ser o rio indo ao mar
Quero ser o riso de amar
Quero ser a cor clara do amanhecer




PS: Tá, tem muitas pontas soltas (algumas propositais), muitas coisas a serem desenvolvidas mas meu objetivo ao postar essa fic é tentar mostrar diferenças entre BonVent e Maggio. Tenho me autocriticado por não apresentar Maggio devidamente. Verdade que muitas dessas diferenças fazem parte de seu 'mundo interior', sua busca 'filosófica' que dê um significado a sua existência e isso não consigo ainda mostrar nos rps. Tá, não tem aventura e sim blá, blá, blá. O encontro entre os dois tá mais prá sessão de psicoterapia do que uma conversa entre amigos. Bem, é isso. Eu os vejo e sinto cada um de uma forma e tentei com esse 'conto' mostrar um pouco disso
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Ashlar
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MensagemAssunto: Re: Sonhos ( BonVent e Maggio )   Sonhos ( BonVent e Maggio ) EmptyTer Mar 23, 2010 6:25 pm

Bela fic.

O que mais me chama a atenção é como vc consegue dar voz às emoções dos personagens, algo que é muito difícil de explorar.

Parabéns, Bon^^
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Marvin
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MensagemAssunto: Re: Sonhos ( BonVent e Maggio )   Sonhos ( BonVent e Maggio ) EmptyQua Mar 24, 2010 9:33 pm

Muito bom, gostei mesmo Bon ^^
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BonVent
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MensagemAssunto: Re: Sonhos ( BonVent e Maggio )   Sonhos ( BonVent e Maggio ) EmptyDom Mar 28, 2010 11:13 am

Pô, obrigado! Quando dois dos melhores ficcionistas do clã dizem que gostou de meu conto é sinal que 'levo jeito' p coisa. Mas olhem, tanto vcs quanto todos os outros membros podem apontar falhas, dizer o q não gostaram, o q poderia ser dito de uma forma melhor, etc. Não temam 'ferir' minha susceptibilidade. Sou iniciante e quero aprender.
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MensagemAssunto: Re: Sonhos ( BonVent e Maggio )   Sonhos ( BonVent e Maggio ) Empty

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