Reencontro
Twicelight
Sem a nevasca e com uma roupa decente, meu vôo estava suave, o vento deslizando em uma temperatura morna pelas minhas asas. Eu estava passando pela Cidade de Arcádia,a brisa de flores de cerejeira perfumava minha face e entre as árvores rosas e brancas floridas sem podiam ver coelhinhos.
Eu sempre quis morar aqui...quando tudo isso acabar, vou tirar umas férias nessa área, pensei.
Minha meta era resgatar minha mãe de Taralön na Vila dos Sonhos, achar meu pai ao norte, juntá-los e depois continuar minha vida, sem esta preocupação.
Depois de passar por aquele Pântano Desalmado horroroso, cheguei no começo da estrada que cortava o bosque no qual a Vila dos Sonhos se localizava. Já tinha estado várias vezes lá, e pensar que estive
tão perto... Pousei em cima de um cogumelo roxo, saltei em cima da terra fofa e chamei Kenai - com uma pequena flauta que carregava em meu pescoço- que veio em um segundo, o pelo branco emaranhado em alguns galhos e folhas.
- Foi para alguma guerra territorial e nem me chamou! – Brinquei, e ri quando o urso polar com mais de quatro vezes o meu peso me lambeu do meu queixo até meu couro cabeludo. –Eeeeeeca Kenai!- Eu peguei um pouco de água no meu cantil, lavei meu rosto e depois dei um pouco para Kenai.
Montei nele e galopamos pelo bosque de contos de fadas e cogumelos até a pequena vila, aonde abracei meu urso e me despedi, sabendo que talvez nunca mais o veria.
Fui até o comerciante local e perguntei sobre os Calaelen.
- Ah! Bellatriz e Taralön! Bellatriz não sai muito. Acho que de luto pelo filho e pela irmã, ouvi dizer. Eles moram ali – Ele apontou uma cabana que tinha alguns girassóis na frente. – Ei! A propósito, a senhorita não quer comprar um pergaminho?...
Fui andando até a casa indicada, e, hesitante, bati na porta com três batidas ritmadas.
Ouvi o barulho da tranca se abrindo e do rangido da madeira.
Uma elfa de cabelos negros, olhos azuis e pálida como a neve saiu de trás da porta, e senti que todas aquelas décadas não foram nada. Era minha mãe na minha frente,finalmente, e ela falou com uma voz simpática:
- Posso ajudá-la, querida?
Flechadas
Bellatriz
Olhei para a arqueira de armadura e um arco enorme a minha frente, aguardando por uma resposta. Ela continuou me fitando por alguns segundos e depois encarou-me, um tanto atordoada.
- Mãe, sou eu. Twicelight. Filha de Elrond Tíwele. Elbereth me contou toda a verdade.
De novo não! Eu tinha alucinações freqüentes, de Elrond voltando com Twily ou sozinho, ou só de minha filha, pequena ou como eu a imaginava na maturidade. As lágrimas escorreram por meu rosto, como sempre após minha imaginação desenfreada me ferir.
- Não é de verdade, eles nunca vão voltar... – Balbuciei, enquanto me virava de costas para abandonar minha filha imaginária e fechar a porta, quando senti um aperto delicado em meu pulso e me virei automaticamente. O aperto era real.
-Mãe? O que houve? Sou eu! Eu voltei, de verdade. Está tudo bem? Onde está Taralön?- Eu a olhei no fundo dos olhos e encontrei tudo, era tudo verdade. Era minha Twicelight, viva e ali comigo. Eu a abracei, soluçando e chorando descontroladamente, enquanto ela afagava minhas costas, seu familiar aroma de lavanda.
-Está tudo bem.
Vai ficar tudo bem, mãe.
Neste momento, ela me soltou, passando-me para um pouco atrás dela. Também senti, simultaneamente, o cheiro forte e ruim de ervas, fumo, especiarias e temperos, em um conjunto desagradável, como tudo naquele homem monstruoso que estava parado em frente de mim, de minha filha e de nossa felicidade momentânea.
- Quem é essa aí, mulher? O que ela faz na minha casa? – Ele falou com uma voz alta, grave e incômoda.
- Esta é a
minha filha. Twicelight, que você tirou de mim. Seja lá onde você a deixou para morrer, ela voltou.
Ele encarou-nos, pasmo. Em seguida, m um gesto insano, ele segurou Twicelight pelo pescoço e a ergueu acima de sua cabeça, tentando sufocá-la. Então, como um relâmpago, ela usou o Golpe da Asa, afastando Taralön delas alguns pouco metro, depois o repeliu mais ainda com a Flecha Repulsora, e o paralisou por alguns segundos com uma flecha de brilho rosa, enquanto falava.
- Você destruiu a minha vida e a de meus pais. Nós teremos a chance de recuperá-la, mas você não, Taralön Calaelen.
Porém, Taralön levantou-se e conjurou um tornado muito forte ao redor de Twicelight, que a deixou sem ar, ofegante, de costas no chão de madeira. Depois, juntou uma esfera de energia em suas mãos, e vários raios dispararam além do teto, juntando-se e atingindo-a. Ela se levantou do chão, com dificuldade e exaurida, então, atirou a terceira e última flecha que restava em sua aljava, e esta atravessou o coração de Taralön, o matando imediatamente.
Início da Felicidade
Twicelight
Alegria e alívio enormes me tomaram Taralön estava morto, e minha família estava finalmente livre. Minha mãe e eu fomos voando em busca de Elrond, começando pela Cidade da Perdição, sem grandes resultados. Fomos seguindo direção oeste, e na Vila Quadrada obtivemos a informação de uma fonte não muito confiável de que Elrond passara por lá havia muito tempo, perguntando por moradias, e lhe fora indicado ir até o pequeno vilarejo de lenhadores que havia nas redondezas. Seguimos até o Galpão do Lenhadores, e então pedimos informação a um guarda, que indicou uma pilha gigante de troncos de árvores, cujo lá no topo havia um elfo sentado e encurvado, parecendo brincar com um anelzinho que reluzia ao sol sendo girado nas mãos do homem desolado.
Pedi minha mãe que esperasse, eu precisava explicar tudo para meu pai primeiro.
Subi agilmente até o topo dos troncos e fiquei de pé atrás da melancólica figura do homem que eu nunca tinha visto na minha vida.
- Hmm, olá Elrond.
Ele se virou, e eu fiquei encantada. Meu pai tinha lindos cabelos longos e da cor dos meus. Olhos castanhos e quentes cor de chocolate, e o rosto de um arcanjo. Agora eu entendia minha mãe e sua dor.
- O que deseja, senhorita?- Ele falou com uma voz grave e baixa, angelical.
- Elrond, por acaso lembra-se de um selvagem, Elbereth, que lhe falou de uma certa história de que você era casado, tinha uma filha e que um Taralön mentiu para você?
- Como sabe disso? Faz quase 120 anos! Eu não acreditei na hora, mas depois reparei que estava com uma aliança. Só me pergunto onde estão minha filha e Bellatriz. – Ele suspirou, baixando o olhar para a delicada aliança em suas mãos, e eu sorri, então, chamei.
-Mão, pode vir aqui?
Quando o olhar dos dois se encontraram, até eu, uma simples expectadora, pude entender.Eu desejei algum dia ser alvo daquele olhar. Eles se abraçaram e beijaram-se ternamente, e descobri que era o momento de ir.
Fim...
Por enquanto.