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 Muros e fossas - Fanfic completa

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Ashlar
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Ashlar
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MensagemAssunto: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyQui maio 14, 2009 7:37 pm

Lendo um post do Noz sobre mitologia chinesa tive essa idéia de fazer uma fic.

https://dammerung.forumeiros.com/enredo-f8/mitologia-chinesa-t17.htm

Alias, ótimo trabalho, Noz, vlw mesmo^^

A Fic está completa, com 3 partes: Juízes e Carcereiros - Sombras e Condenações - Um Amigo Perdido.



Espero que gostem.

Muros e Fossas

1ª Parte

Juízes e Carcereiros


Os pés se arrastam a cada passo irregular, imundos, com crostas de poeira e sangue já seco cobrindo vários ferimentos. A espada desembainhada serve de cajado improvisado, mas a mão q a segura treme. A respiração entrecortada, ofegante, pulmões lutando para nutrir-se de um ar q não sustenta. As roupas estão tão pesadas, trapos sujos q fazem arder ao roçar em seus ferimentos, mas o elfo sente um frio intenso, pois é noite, 30 dias de noite sem fim.

O elfo para e respira, fundo e doloroso, tentando recuperar forças, estica-las para ganhar tempo. Olha ao seu redor, e mesmo na escuridão vê os paredões maciços de rocha, na fenda por onde tem andado. É uma grande depressão, como se um poderoso rio tivesse outrora corrido ali, mas tudo é seco, o chão uma mistura de areia e pedregulhos, com grandes rochas que estreitam o caminho.

“Perfeito para uma armadilha”, pensa e ri, desesperado, zombando de sua tolice, “como se fizesse diferença”. Por 30 dias tem fugido e tem sido capturado, num jogo insano de gato e rato. Sombras o perseguem, amontoados de escuridão que rastejam em silêncio, a não ser quando dão o bote. E lutam brutalmente, sem que o elfo saiba se são mãos ou garras, espadas ou açoites q o ferem e seguram. Então o elfo chuta e se debate, golpeia com a espada, pois sua magia não funciona. Nada nessa desolação sem vida faz sentido, tudo parece conspirar e espreitar, como se as escarpas e rochas tivessem olhos e a própria terra contasse o segredo de seus passos.

O elfo olha para o alto e observa as estrelas que permitem que enxergue o caminho. Pois embora nunca tenha visto a lua, todas as estrelas estão lá, e as constelações são todas visíveis, pois não há uma nuvem no céu. O elfo deseja com fervor que continuem assim, pois elas também parecem odiá-lo, sempre apagando seu brilho para que a escuridão ataque. Durante um tempo, permanece parado, confuso pelo cansaço e pela dor, mas então volta a se arrastar resoluto – não será pego novamente.

Pois o pior não é a dor ou a fome, nem as sombras que o perseguem. Mas o pavor de ser arrastado para outro buraco entre as rochas e cair novamente naquele lugar fúnebre. Pois se a imensa paisagem é seca e estéril, os túneis em seu subterrâneo são de uma umidade pegajosa, que exala um mau cheiro de séculos de putrefação. E nos recônditos desses túneis está aquele que interroga. E sua voz pavorosa enche o coração de Ashlar com um medo desconhecido, algo que nunca imaginara que pudesse sentir, uma ausência de sentido e esperança que o derruba ainda mais para o fundo. E a voz gélida não pode ser resistida, ela demanda e precisa ser respondida, e suas perguntas ferem como fogo.

Trinta noites, trinta questões. E a cada resposta, a voz ora zomba ora silencia, mas o passo seguinte é certo: o corpo de Ashlar é sempre arremessado das profundezas por uma mão de ferro, e a perseguição continua, sempre. E a cada captura, a cada interrogatório e reinício da perseguição, Ashlar fica mais fraco, seu poder diminui. De início sua magia funcionava em parte, e ao invocar o nome de Huang Di, seu corpo se revigorava, bem como as artes de Lei Gong afastavam temporariamente as sombras que o atacavam. Mas a cada derrota e seqüestro pela a turba invisível, algo se partia.

Ashlar já não pode curar mais seu corpo, já não pode mais invocar seus ritos e preces. Cada fórmula parece ter sido apagada de sua mente. Mesmo seu passado recente se esvai e somente as perguntas do inquisidor permanecem. As poucas boas lembranças que isto permite o consolam, e Ashlar a elas se agarra, mas as más o consomem aos poucos. O elfo sabe que está perdendo.

Mas continua andando, Ashlar não quer se entregar ainda. Precisa entender, sabe que precisa entender o que está acontecendo, que sua vida depende disso, mesmo que sua cabeça já não seja a mesma, que seu corpo esteja alquebrado. Precisa de tempo para descobrir algo que sente que já sabe. Avança pelo desfiladeiro interminável, porque sabe também que deve fazer isso. Então seus olhos de elfo captam uma pequena mudança na paisagem. Devagar, indolentemente, o pouco de luz se vai se apagando. Ashlar olha pra o céu, vê as estrelas sumirem, como velas que se extinguem, e se prepara para o pior.

Os dedos se enrijecem no cabo da espada, o corpo se força ereto em expectativa. Como num fechar de olhos a escuridão o envolve e logo o elfo sente a presença de seus algozes. Permanece imóvel, guardando forças para o primeiro ataque que virá, sabe que é inútil, mas quer ter o gosto de sentir a espada cortando e perfurando o inimigo, porque quer se defenda ou não o resultado será o mesmo nos ferimentos que receberá. O coração dispara, a sensação feroz de estar cercado, mas não há como saber o que é realidade ou não.

Súbito sente uma leve brisa roçar sua pele, no lado esquerdo de seu corpo. Gira rápido e violento com a espada, fazendo um arco, e o golpe é preciso. A criatura uiva de dor e ódio, o corte provoca um barulho molhado, e a espada trespassa facilmente a matéria podre. O elfo não é um mestre de armas, mas ataca com fúria, sem se importar com mais nada. As sombras o atropelam, com urros e grunhidos, prensando-o com seus corpos fétidos, mordendo e agarrando. Ashlar sente seu corpo ser suspenso por inúmeras mãos e é jogado para o lado e chutado, sua espada dessa vez é tomada, algo que as sombras nunca antes tentaram e os dedos de suas mãos são pisados e esmagados. Logo é jogado mais uma vez, mas agora está em queda livre. Cai durante um tempo considerável, até começar a esbarrar nas paredes que se afunilam num túnel. A velocidade esfola sua pele, o elfo grita de dor até chegar o fim, numa batida violenta.

Sente que quebrou algumas costelas, a dor comprimindo seu tórax. Tenta levantar, mas a cabeça dói e está zonzo. Ashlar sabe que terá algum tempo para se recompor, mas isso não vai adiantar: Sabe que dificilmente vai andar tão cedo. Permanece deitado, tentando não gerar mais dor, e inicia sua espera por Aquele que Interroga.

Após algum tempo, tochas são acesas. A caverna onde se encontra fica iluminada, grande como um salão real, mas imunda como um esgoto. Escuta então as passadas pesadas do Inquisidor, e não tenta olha-lo pois sabe que somente verá um clarão ofuscante. Um minuto angustiante transcorre, sem nenhuma palavra e o elfo imagina se o jogo não acabou, se não será afinal seu fim. Mas o clarão se aproxima, algo é depositado ao seu lado, algo pequeno. O Inquisidor se afasta.

Ashlar vira-se com dificuldade para olhar, mas o que vê o faz perder a respiração. Enrolado em uma manta, ao seu lado está um bebê recém-nascido, prematuro. Seus olhos estão fechados, suas feições muito delicadas e frágeis estão inertes. Seja porque aquele rosto estava gravado a ferro na sua memória, seja porque o inquisidor queria assim, o reconhecimento é imediato. Ashlar grita:

“O que quer de mim, Demônio? Acabe logo com isso e me deixe em paz.”

Mas o inquisidor, nada faz por um tempo. Ashlar continua a olhar fixo o bebê, sem forças para ao menos chorar, sem saber o que sentir após tanto tempo. Não se pergunta se o pequeno ser está vivo ou morto, para si a resposta é óbvia: ele está morto há décadas. Nada mais parece importante então; escapar, sair vivo, voltar para casa tudo é fútil. Com ódio tenta olhar para o clarão que é o inquisidor, tenta se levantar, quer pôr um fim àquilo de uma vez.

Mas o inquisidor, pouco nota seus esforços, apenas faz uma pergunta, em sua voz sepulcral, “De quem é a culpa?”

O elfo sente como se suas forças acabassem de vez. Abaixa os olhos em direção ao natimorto e tudo parece parar. Sua mente agora transborda em pensamentos e lamentações há muito reprimidos – Por que tudo acontecera daquele jeito? Qual a razão para todo aquele sofrimento? Mas não havia resposta, nunca houvera. Culpa? Eram culpados os sem-almas, claro, mas seu coração doía e ansiava por uma outra resposta. Não havia como escapar do inquisidor e Ashlar estava cansado.

“Foi minha culpa, meu filho morreu por minha culpa. Não salvei minha mulher, não estava ao seu lado durante a invasão, não impedi a seta que feriu seu ventre. Não fui capaz de curá-la quando estava entre a vida e a morte, quando seu espírito quebrou e se recusou a continuar vivendo. Minha esposa humana, Beatriz, perdeu seu filho, meu filho, e seu corpo recusou qualquer tratamento. Eu não fui capaz de salva-los, falhei como médico com as vidas que mais prezava.” Disse tudo isso num sopro, vidrado, olhando o bebê morto. Não sabia o que esperar, mas sentiu-se ainda mais fraco, mais ferido.

O Inquisidor começou a murmurar, a principio baixinho. Mas o som foi se elevando, transformando-se numa risada, alta e mordaz. Então o Inquisidor disse apenas, “Não sincero”. Os punhos de Ashlar crisparam-se, seu corpo trêmulo pelo esforço. Ele encarou mais uma vez aquele que interrogava e questionou, “Diga logo o que quer, Maldito? O que preciso dizer?”

Mas o Inquisidor nada disse, apenas esperou. Apenas o silêncio, o clarão forte, ofuscante, e o pequeno corpo ao seu lado. E a espera enlouqueceu Ashlar, e sua voz sou como um estrondo pela caverna, “Amaldiçoado seja, Deus infernal, amaldiçoado seja seu chefe, Yama, malditos todos vocês... O que querem? Por que aquilo aconteceu comigo? Por que inocentes tem que pagar o preço dos erros que um Deus cometeu?”

As palavras saíram sem pensar, mas o elfo não as lamentou. O Inquisidor pareceu satisfeito e começou a mover-se na direção de Ashlar. Imediatamente, este agarrou o pequeno corpo de seu filho, enquanto as tochas se apagavam e mãos fortes o erguiam e em seguida arremessavam-no. Como sempre houve um apagão, um lapso no próprio tempo, e quando Ashlar deu por si, estava de volta ao desfiladeiro. Ainda estava abraçado ao filho.

Ainda abalado pelo que acontecera, tentou erguer-se. Não conseguiu e teve q se contentar em manter-se sentado no chão, com seu filho no colo. De qualquer forma não queria continuar, estava decidido a permanecer ali até o fim.

continua...


Última edição por Ashlar em Qui maio 21, 2009 9:47 am, editado 6 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyQui maio 14, 2009 10:52 pm

Excelente Ash. Muito bom mesmo. O estilo me lembra até um pouco a Divina Comédia de Dante Alighieri.
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySex maio 15, 2009 12:05 am

fica muito claro enquanto vc narra, Edu, que o Ash luta contra seus próprios fantasmas. Que nenhum inimigo é, de certo, pior do que aqueles que se enfrenta no recondito da alma, e o sofrimento empregado é muito além do que eu posso imaginar. Quanto a sua escrita... É envolvente e nos faz perceber muito bem os elementos das cenas, as entradas dos personagens de supetão, como se Ash duelasse dentro de um sonho. Está de parabéns! ^^
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySex maio 15, 2009 8:56 am

Obrigado aos dois^^

Os comentários de ambos me estimularam de verdade, vou tentar terminar hj, ou no mínimo entregar mais uma parte =P

Quanto à Divina Comédia, Ashlar realmente busca sua Beatrice Wink

É sempre um prazer ouvir seus comentários por isso, Noz ^^

Ves, que bom q vc gostou, acho seu texto extremamente fluido,um elogio seu vale muito.
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySex maio 15, 2009 12:26 pm

Ash, excelente Fic, está de parabéns, realmente muito boa.

Sem falsidade, mas até hoje não havia lido uma fic de tão grande qualidade, gostei muito da sua forma de narração, pois, até então, as fics que li eram recheadas de diálogos e em muitos casos, com imensa falta de conexão, o que não é o seu caso.

Achei muito interessante, também, sua forma de descrever os ambientes, realmente o leitor se sente na pele de Ashlar.

Aguardo ansioso a continuação. E quero aproveitar para deixar um pedido, depois de concluída esta fic, por favor continue escrevendo.
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySex maio 15, 2009 2:18 pm

Ótima narrativa Ash, extremamente bem elaborada e envolvente, parabéns mesmo ^^

*aguardando continuação*
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyDom maio 17, 2009 2:52 pm

Humm, gostei, gostei e muito. Aff, não tenho conhecimentos intelectuais p falar sobre estilo etc e tal . Apenas gosto de ler histórias assim. Apenas sei dizer se gostei ou não gostei.
Quero mais. Muito envolvente a sua narrativa, cria um certo suspense pelo que está por vir. Aguardo os próximos 'capítulos'.
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyDom maio 17, 2009 5:51 pm

Opa, obrigado a todos pelos comentários. Marvin, Herebus e Bon, vlw mesmo^^

E pare com essa história de não ter conhecimentos intelectuais, Bon >.<
O modo pelo qual vc avalia as hitórias q lê é exatamente o mesmo que todo nós, vc gosta ou não =P

Bem, vamos a segunda parte.

2ª Parte


Sombras e Condenações.



Ashlar permaneceu imóvel, perdido em pensamentos confusos, enquanto a noite transcorria imutável. As constelações brilhavam de novo no céu e pairava uma quietude sobre o cenário desolado. O ar continuava rarefeito, seco, provocando uma sensação constante de falta de ar, e as formações rochosas ainda jaziam perturbadoras, únicas testemunhas de sua desventura.

Desinteressado do estranho mundo ao seu redor, imerso em seu pesar, pensava em Beatriz. Lembrou de sua força graciosa, seus cabelos ondulados e escuros, sua pele morena e riso fácil. Lembrou de sua juventude, de sua maturidade intrigante para um elfo q já vivera um século quando se conheceram. Lembrou de como ela queria aquele filho.

O elfo abraçou o bebê, ignorando a dor e o desconforto, aguardando sem esperança o reinício do ciclo de perseguição. Puxou a manta, que agora cobria o rosto da criança e observou seu rosto. O pequeno tinha uma expressão tranqüila, um jeito doce nos lábios levemente entreabertos, numa face delicada e macia. Levou sua mão esquerda, menos ferida, à face de seu filho e a acariciou com delicadeza, imaginando que ele parecia apenas dormir. Mas não havia vida ali, como em nada mais naquele lugar, apenas morte.

Então sorriu um riso amargo, recriminando sua tolice. Ashlar suspirou e parou de forçar os pulmões. A sensação de sufocamento perdurou, mas como previra não piorou: Não fazia sentido tentar respirar. A revelação foi como uma ducha gelada, seu humor se acalmou. Pensou em suas dores, no sangue q fora vertido, mas não se surpreendeu, pois já tinha a impressão de que os deuses eram muitas vezes como tiranos e imperadores antigos: duros e cruéis em sua forma de agir.

Já não ligava mais para em que dia estava, sabia que teria mais testes e tortura nos domínios de Yama, rei do inferno. Pela primeira vez não sentia a compulsão de continuar a caminhar pelo desfiladeiro, não só por que era inútil, mas também porque a pequena revelação que tivera abrira sua mente, por tanto tempo confusa. Se o queriam, teriam que o buscar, não mais agiria como um rato num labirinto, como um inseto transformado em brinquedo de crianças. Ficaria ali e esperaria, pois a força poderosa que o empurrara até ali não o manipulava mais.

Sabia que sua situação era muito ruim, que estava falhando nos testes. Seu treinamento de sacerdote não permitia engano, a violência de seu teste mostrava que seus juízes estavam explorando cada culpa, temor e desequilíbrio de sua alma. Mas queria se importar, tudo o que sentia era ódio, uma fúria imensa pelos ferimentos, por suas perdas: seu filho e Beatriz. “O inferno não poderia ser pior do que isso”, pensou.

Então teve uma revelação atroz, “o inferno será justamente isso”. Por toda eternidade teria que se confrontar com seu ódio, com a lembrança de sua família, com o fato de que não os salvara. Não haveria mais distrações, não poderia mais afastar tais pensamentos, se entregar ao combate e a labuta pela vida. Seria bombardeado a cada segundo com aquilo que mais odiava em si e no mundo e amaldiçoaria os deuses o quanto quisesse, eles não ouviriam. Foi arrancado de suas reflexões por um tremor repentino. O solo árido tremera por um instante, como se gigantesca força nas profundezas despertasse. Novamente atento, procurou endireitar-se, buscando entender o que acontecera.

O solo agitou-se e começou a rachar. Vapores sulforosos escaparam das entranhas da terra numa explosão. De dentro das rachaduras, vultos se soergueram estranhos e repelentes. Formas atarracadas, baixas como se não tivesse pernas, mas apenas tronco e braços, avançavam, rastejando para a superfície. Eram escuras, ou melhor, ao olhá-las não se distinguia cor alguma, apenas uma escuridão aquosa, como se fossem feitos de piche. Os seres saiam da terra e o cercavam.

Em sua mente ouviu então uma voz familiar, “Levante-se Ashlar!” Sem pestanejar, agüentando a dor, obedeceu a voz. Ergueu-se com dificuldade, mas rápido, assombrado pela nova ameaça, passando rápido por cima de uma das criaturas que ainda não saíra totalmente para a superfície. E Ashlar correu, cada nervo e músculo reclamando, cada ferida se abrindo mais. Mas ele refletiu que já estava morto e que aquilo não importava. Tudo que importava era levar o corpo de seu filho para longe daquelas aberrações.

Voltou a avançar pelo desfiladeiro, as criaturas em sua perseguição, amaldiçoando cada senhor infernal por obrigá-lo a voltar ao jogo de perseguição. Aquela voz, que não conhecia e reconhecia ao mesmo tempo, o intrigava, mas não tinha tempo para pensar nisso, nem na diferença da nova situação – as estrelas não haviam se apagado. Correu até uma parte mais ampla do desfiladeiro. Os paredões rochosos se erguiam colossais, com altos picos projetando-se como grandes colunas de um templo gigantesco, em meio ao qual havia um imenso labirinto de jade. Ashlar entrou na gigantesca arena, olhando para trás, mas já não via as estranhas criaturas. Surpreso e sem entender mais nada, voltou-se à imensa construção de jade.

Aproximou-se da entrada do labirinto, um portal belíssimo, com detalhes em relevo formando uma escrita que o elfo não conhecia. O labirinto era ao seu próprio modo assustador, mas também destoava de tudo o que vira nos domínios da morte. O jade era perfeitamente polido, sem mostras de junções, como se um único bloco inimaginável tivesse servido para sua construção. Ashlar não ousou imaginar a mão que o polira, apenas entrou, contrariando qualquer prudência, como que impelido por uma vontade invisível. A atmosfera mudou imediatamente, o ar seco sendo substituído por uma fragrância úmida de ervas, algo que aliviou a ardência em seus pulmões – uma mudança para melhor afinal.

Percorreu o labirinto, escolhendo a esmo sua direção. Após algum tempo os intermináveis muros de jade ao seu redor começaram a criar uma sensação claustrofóbica. Tudo era sempre igual, não importava que rumo escolhesse, direita e esquerda se equivaliam, como imagens num espelho. Mas súbito ouviu uma voz, áspera e recriminadora, maníaca. Passou a seguir em sua direção, hipnotizado, pois sabia quem era.

Logo, em meio a uma clareira no labirinto, viu seu irmão há muito perdido, Arafinwë, o assassino. O jovem elfo parecia perdido, um olhar ao mesmo tempo louco e apavorado. Parecia não ver Ashlar, e este tentou chamá-lo, “Arafinwë, olhe para mim, meu irmão”. Mas foi em vão, ele parecia imerso num sonho ou delírio. Murmurava palavras desconexas para si mesmo, incansavelmente, palavras de ódio, “Velho louco... humano imbecil... eu não queria... como ousa?” então sua vítima aparecia, o servo humano de seu pai que matara. Arafinwë ficava perplexo por um momento e então, ante o olhar de desprezo e escárnio do velho, ficava louco de ódio, se lançava a luta e o matava, novamente. Entristecido, sem palavras, Ashlar assistia seu irmão preso naquela cena homicida. Via como depois ele se sentava confuso, murmurando de novo. Quase que imediatamente, a jovem humana, filha do velho, objeto da paixão de Arafinwë aparecia. O jovem elfo a fitava, numa fixação de desejo, a jovem se aproximava, abraçava-o como uma amante, e então estocava uma pequena adaga nas costas do elfo. Arafinwë morria, mas logo depois estava vivo de novo. E dizia ensandecido, “Velho louco... humano imbecil... eu não queria... como ousa?”

Ashlar se afastou correndo, não suportando ver aquilo. Voltou a percorrer o labirinto, desta vez fugindo de seu irmão e de sua desgraça. Lutou para prosseguir, para esquecer o olhar vidrado de Arafinwë enquanto morria e revivia. Não podia conceber aquele pesadelo, sabia do crime de seu irmão, mas que castigo era aquele?

Sem perceber adentrou em outra clareira. Por um momento não acreditou em seus olhos, pois a sua frente estavam o guerreiro Herebus e a arqueira Alnairan. Foi ao seu encontro, clamando por sua atenção, apenas para ver, horrorizado, que também não o viam. Ambos estavam num embate brutal com Hawkes, o elfo da Lancea Sanctum. Assistiu a tudo sabendo o que ocorreria. Viu Herebus desferir o golpe mortal, viu a perplexidade do elfo, que se acreditava superior, que desprezava os humanos. Viu sua morte, sua humilhação. Viu quando ele acordou novamente, apenas para ser morto do mesmo jeito, por toda a eternidade.

Sabia que seus amigos, Herebus e Alnairan, não estavam lá, que eram apenas parte do suplício de Hawkes. Continuou sua jornada pelo labirinto, sem tentar adivinhar que outras cenas presenciaria. E viu muitas coisas, a maior parte das quais não entendeu, por desconhecer os envolvidos. Mas tudo o desagradou, tudo pareceu exagerado. Por piores que fossem aquelas pessoas, mereciam uma punição assim?

Enquanto refletia sobre todo aquele infortúnio, percebeu com desagrado que se encontrava diante de outra clareira, mas nada o havia preparado para ver quem estava lá. A clareira estava recoberta por uma névoa cerrada, e a princípio Ashlar não conseguia distinguir nada. Então percebeu chocado de quem se tratava desta vez. Valtar, arqueiro dos Lancea, o inimigo mais poderoso que a Ordem já enfrentara. Olhou ao redor, buscando uma possível vítima do arqueiro sanguinário. Ficou consternado ao ver Valtar ser retalhado em meio às brumas, sem conseguir ver quem o atingia. Que poder era aquele que derrubava tão poderoso inimigo com tanta facilidade? E por que não conseguira enxergá-lo?

Intrigado, continuou a andar sem destino, apenas a idéia vaga de que nada poderia piorar. Às vezes parava para descansar, reaninhar o bebê morto em seu colo, e prosseguia. Por muito tempo andou, não sabia quanto, sem que algo mudasse, apenas o corredor interminável e fascinante. Então chegou a um jardim, pequeno e acolhedor, um conjunto singelo de plantas silvestres, arbustos floridos e arvoredos bem cuidados que o lembravam de casa, de sua pátria élfica, há tanto tempo abandonada. Um mesmo perfume delicado recobria todo o jardim, um perfume complexo e suave. O reconhecimento o chocou e ávido passou a percorrer todo o lugar. O perfume era de Beatriz.

Mas não havia ninguém lá, apenas ele. Sentou-se novamente e deixou-se ficar. Abatido, ora imerso em lembranças doces ora em sua culpa, o elfo permaneceu imóvel. O tempo parecia não correr, cada segundo uma eternidade. Era um alento estar rodeado daquela beleza, envolto por aquele perfume, mas era terrível saber que Betriz estava morta e que mesmo naquele lugar estava fora de seu alcance. E o filho morto em seus braços, a lembrança de seu fracasso. Ficou imaginando se aquele era seu destino, o lugar de sua condenação. Ouviu então outra voz familiar, “não podemos desistir ainda”.

O elfo sorriu triste. Depositou o corpo do filho num monte de relva, e o deixou lá, cercado pelo perfume da mãe e as flores de sua infância. Sabia que não era realmente seu filho, sabia que não encontraria a verdadeira Beatriz naquele jardim.

Seguindo a voz, Ashlar saiu do labirinto.


continua...


Última edição por Ashlar em Seg maio 18, 2009 11:43 am, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyDom maio 17, 2009 6:36 pm

Que triste, tadinho do Ash ç-ç

Muito bom, adorei, me deu vontade de protegê-lo *-*

Quero proteger o sr. Ashlar (meu novo Sirfalas, rs...).
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyDom maio 17, 2009 6:59 pm

Hehe, obrigado, Gabi

aqui vai o final

3ª Parte


Um amigo perdido.


Ao deixar para trás o corpo do filho, Ashlar deixou também todo o labirinto e suas desditas. Olhou para trás e viu um portal imenso, semelhante em tudo ao primeiro. A sua frente se estendia novamente o desfiladeiro, mas as muralhas rochosas já não eram tão altas e pareciam definhar, à medida que andava, bem como o caminho parecia se estreitar. Andou talvez por uma hora, quando avistou por fim uma misteriosa casa com um grande caldeirão ao seu lado. E o caldeirão era guardado por um elfo.

Decidido a não se espantar com nada mais, Ashlar foi em direção ao conhecido. Um elfo ancião, aparentando milhares de anos, cabelos brancos compridos, barba longa e emaranhada, a pele branca, muito branca. O ancião parecia mais envelhecido do que nunca, como se toda a sua idade tivesse enfim cobrado seu preço, mas Ashlar não teve a menor dúvida sobre quem ele era, os olhos vívidos e enérgicos ainda eram os mesmos. O velho elfo parecia esperar paciente, como nunca o vira antes. Quando se aproximou, ele lhe dirigiu a palavra:

“Achei que não viesse mais, Ashlar. Temi por um instante que ficasse perdido no labirinto.”

Ashlar sorriu, finalmente com certo alívio, “ Estou sonhando, velho sacerdote? Ou estou morto e você não passa de outra alucinação?”

O velho o observou sério, como sempre, e disse, “havia um antigo poema, de uma era mais tranqüila e há muito perdida, que dizia “Toda a vida é sonho, e os sonhos, sonhos são”. Parece contraditório, não? Mas talvez seja sábio também.”

Ashlar refletiu um pouco sobre o estranho verso, mas seu pensamento não estava muito claro. Deu de ombros e decidiu ir em frente, “De quem é essa casa, e que estranho caldeirão é esse, meu amigo?”

“Dentro daquela casa mora uma senhora que não gostaria de conhecer, Ashlar, uma Deusa de poucas palavras lhe asseguro, mas este caldeirão a ela pertence. Dentro do caldeirão está o Caldo do Esquecimento”

Sim, Ashlar agora se recordava. Sabia que se tomasse daquele caldo, todas as lembranças de uma vida desapareceriam. Tudo de bom e de ruim na memória se perderia, e sua alma estaria pronta para uma nova reencarnação. Olhou para o velho elfo, sem saber o que pensar. Não havia previsto algo assim, não entendia como podia ter chegado ali tão depressa. Não fora julgado pelo senhor dos infernos, não terminara seu período de provações. Por tudo o que sabia, sua alma ainda não havia sido avaliada.

“Devo tomar o caldo? É para isso que vim aqui?”, e por um momento a idéia de esquecer tudo pesou em seu coração. Como poderia esquecer Beatriz?

O velho respondeu consternado, “O caldo não é para você, Ashlar. Somente os mortos têm autorização para esquecer. O caldo é para mim. Estou aguardando ainda certos fatos se consumarem, e estava esperando você, meu amigo”.

Ashlar estava atônito, aquilo não fazia sentido, “ Somente os mortos...mas eu comecei os teste. E como é possível que tenha me esperado?” foi interrompido por um gesto impaciente do velho elfo.

“Você precisa se lembrar, Ashlar. Poucos têm a chance de visitar este reino e sair. Você não foi muito bem em sua estadia aqui, precisa se lembrar disto. Precisa ser mais esperto da próxima vez, você tem que entender, precisa levar sua vida em frente, ou tudo terá sido em vão. Ao chegar aqui, sua alma precisa estar inteira, ou ficará preso como aquelas pobres sombras lá atrás.”

O velho fica então impaciente, “Olhe, não temos tempo. Bem que gostaria de conversar sobre os velhos tempos e dar alguns conselhos. Mas é tudo com vocês agora, você e os outros. Você ira voltar a qualquer minuto agora.”

Ashlar escuta outra vez a voz familiar, “ele está por um fio, agora”. Olha para o velho elfo, incerto quanto ao que dizer. Mas este se aproxima, com urgência e diz, “diga algumas palavras por mim, diga algo em minha memória”, estendendo a mão logo em seguida. Ashlar estende também sua mão, para cumprimentá-lo, mas o velho apenas toca com o dedo indicador as costas de sua mão, a dor é terrível, como se estivesse sendo marcado com uma brasa.

Tudo fica escuro. Por um tempo nada acontece, mas então escuta àquelas vozes todas, baixas, cuidadosas, ao seu lado. Ashlar sente que está deitado em uma cama, a sensação é muito boa. Abre os olhos, o corpo ainda dolorido, mas o que vê lava sua alma. Ao seu redor estão os colegas BonVent e Nozgoth, que sorriem ao vê-lo acordado. Mais atrás, outros amigos: Marvin, Herebus, Alnairan, Vespera...

BonVent pede para que não tente falar. Nozgoth explica que fora encontrado muito ferido, com a traquéia meio esmagada, quase morrera sufocado. Tinha vários outros ferimentos, estivera em coma durante mais de uma semana. Somente há pouco dera sinais de melhora.

Ashlar faz um sinal com a mão, querendo dizer que entendera. Nozgoth acena com a cabeça, mas logo repara em algo, a confusão estampada em seus olhos. Havia uma queimadura nas costas da mão de Ashlar, algo que não estava lá antes, tinha certeza. A queimadura era do tamanho de uma impressão digital.

Fim.


Última edição por Ashlar em Qua maio 27, 2009 8:26 am, editado 3 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySeg maio 18, 2009 10:31 am

É realmente penoso... Por um momento vi Ashlar passando por um teste que provaria sua verdadeira essência de elfo alado...
Edu, o seu talento é incrível. Quando comecei a ler não quis mais parar! Sua escrita prendeu meus olhos e não vejo a hora de ler mais um de seus contos.
E, que bacana, o nome da Vespera apareceu *.*
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MensagemAssunto: Muros e fossas   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySeg maio 18, 2009 12:52 pm

Que delícia, que prazer em ler seu conto, Ash. É como se eu estivesse lá, na pele do personagem, vivendo e vendo todas aquelas cenas. E qual é o inferno maior do que o de reviver eternamente sua maior desgraça? E esses 'capítulos', ou partes, cria a maior expectativa.Você, para mim, conseguiu o que deseja todo o artista; prender, cativar, seu público. Adorei. Meus parabéns.

PS:*se sentindo* Uia, eu também estou nele! sunny


Última edição por BonVent em Seg maio 18, 2009 1:28 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySeg maio 18, 2009 1:20 pm

Nossa xD

Obrigado aos dois. Gostei imensamente dos comentários^^

Acho q no final essa é a melhor parte de escrever, quando vc consegue divertir alguém.
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptySeg maio 18, 2009 4:32 pm

Só consigo pensar em uma palavra para descrever sua fic, Ash: Épica!!!!
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa EmptyQua maio 20, 2009 2:55 pm

Realmente,sua fic ta muito boa,adorei!
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MensagemAssunto: Re: Muros e fossas - Fanfic completa   Muros e fossas - Fanfic completa Empty

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